domingo, 31 de julho de 2011

ESTAMIRA, OLHAR QUE CONTAMINA

Estamira. Esta-Mira. Olha Adiante. Além.
Uma mulher de mistura. Liquidifica e encaixa cada palavra que acha na criação de seu mundo antropofágico. Come onde dorme e dorme no resto do resto do outro. É feita de carne e sangue e controla o remoto dos astros que consome. É consumida pelo saber que a loucura lhe traz. A visão é o poder que a faz suportar, e não Deus. A Visão, Estamira, que sustenta aos berros. Ela xinga, bate, esperneia e não se entrega. Estamira é o nome que dá base ao movimento dos olhos estatelados que divaga. O que prende é a sua forma, a que ela modula internamente para entender essa passagem que crucifica sua história.
É de amor que sofre, Estamira?
Ela grita, as crianças gritam. Não aceita, não engole a seco a seita que compram com dinheiro sacrificado.
Me envergonha...um lado se espreme em mim quando te observo, Estamira. Mas, repetir o seu som me contamina.
O gesto que articula, o universo que constrói num refúgio tão lúcido, Estamira. Dos dentes fortes, da cicatriz. Do trovão que o vento provoca e sente, sem abrir mão do seu fincar neste lixo que te dão.
Se Deus existe Estamira, no seu curso ele é vão.